“Presente” do Leão para os consumidores

Quem for às compras nesse final de ano deve se preparar para encontrar preços com mais de 70% de tributos embutidos, de acordo com um levantamento. Outra pesquisa mostra que o objeto de desejo do brasileiro é ganhar um smartphone, com carga tributária de 33,08%

A carga tributária embutida no preço de produtos típicos desta época do ano pode representar mais de 70% do valor do item. Produtos importados, ou que usam componentes vindos de fora em sua elaboração, são os que melhor exemplificam essa realidade. Do valor que aparece na etiqueta de venda de um videogame, por exemplo, 72,18% são tributos, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

Para Rogério Amato, presidente da ACSP  – Associação Comercial de São Paulo  – e da Facesp  – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo , sem que o governo promova o saneamento dos seus gastos, não há como reduzir a carga tributária, que causa tanto  impacto no consumo. “Enquanto o governo federal acumular gastos elevados, precisará arrecadar mais para cobrir os custos. Se não cobrir com impostos, terá de cobrir com dívidas, que acabam virando impostos do futuro”, diz Amato.

A carga tributária embutida nos brinquedos, em geral, equivale a 39,7% do preço final desses produtos. Para os enfeites natalinos chega a atingir 48,02%. Para a árvore de Natal, 39,23% e no caso do presépio, 35,95%.

Veja abaixo o peso dos impostos sobre itens tradicionalmente consumidos no final de ano.

OBJETO DE DESEJO

O brasileiro deseja ganhar um smartphone neste Natal (33,08% de imposto), mas pretende comprar roupas, que são itens de menor valor, para dar de presente. O desencontro entre as expectativas de quem vai dar e receber presentes aparece numa pesquisa nacional feita na segunda semana deste mês com 3 mil pessoas que compram tanto em lojas físicas como no varejo virtual.

Na lista de compras, as roupas lideram a preferência dos consumidores com dois terços das intenções (66%), seguidas pelos smartphones, com 16,4%, aponta a enquete feita pela NetQuest, a pedido do site comércio eletrônico MercadoLivre. No entanto, na lista dos presentes mais desejados, o quadro é bem diferente. As roupas ficam na segunda posição, com 15,2%, atrás dos smartphones (18%).

“Há uma inversão de posições quando se compara a lista de compras com a lista de desejos de presentes. São as duas faces da mesma moeda”, afirma Leandro Soares, diretor de Marktplace do MercadoLivre. Ele considera natural as pessoas desejarem os presentes de maior valor, mas ressalta que há dois fatores objetivos que contribuem para que as roupas liderem as intenções de compra. O primeiro é o preço, geralmente menor em relação a outros itens, como eletrônicos. O outro fator diz respeito a facilidade de acertar na escolha.

O smartphone também é o item mais desejado como presente nas regiões mais pobres do País. No Norte e Nordeste, o produto aparece com 22% e 23%, respectivamente, na preferência dos brasileiro, superando de longe as roupas, com 10% em cada uma das regiões. Já as regiões mais ricas – Sudeste, Sul e Centro-Oeste – concentram a preferência pelas roupas como presente recebido.

Na avaliação de Soares, essa aparente contradição é explicada pelo fato de o smartphone ser hoje a porta de entrada para a internet para boa parte do brasileiros. “Eles não têm computador, mas possuem smartphone.” O executivo lembra que há hoje smartphone com preço acessível, na faixa de R$ 250. Um dado que, segundo Soares, comprova que o smartphone é a porta de entrada para a internet para uma parcela dos brasileiros é que um terço das pessoas cadastradas no seu site no último semestre, por exemplo, fizeram esse procedimento por meio de um smartphone.

Um resultado que chama a atenção na pesquisa deste ano é que pela primeira vez os brasileiros demonstraram que desejam ganhar dinheiro neste Natal, não produtos. De acordo com a pesquisa, 8,9% informaram que gostariam de ser presenteados com dinheiro vivo, o terceiro item mais desejado, depois dos smartphones e das roupas, sinal de tempos bicudos.

Projeções feitas por várias entidades do comércio indicam que o volume de vendas neste Natal não devem ter forte expansão em relação à mesma data do ano passado: as estimativas de crescimento variam entre 1,5% e 2,3%.

Gastando mais ou menos e até desejando receber o presente em dinheiro para quitar as pendências, a pesquisa mostra que o Natal continua sendo a principal data para o varejo, apesar da conjuntura econômica. Neste ano, 93% dos entrevistados informaram que pretendem presentear alguém neste ano. Deste total, 32,5% planejam presentear mais de cinco pessoas; 19%, três pessoas e 13%, uma única pessoa. Apenas 7% dos entrevistados não comprarão presentes.

Em relação ao valor médio das compras, quase a metade (46%) dos brasileiros pretende desembolsar R$ 100 por presente e 20%, entre R$ 101 e R$ 200. No ano passado, a intenção de gasto médio superava R$ 100 e, em 2012, o gasto médio era de até R$ 100.

Fonte: www.dcomercio.com.br  – SÃO PAULO, 19 DE DEZEMBRO DE 2014 POR RENATO IBELLI  – Estadão Conteúdo

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