Fim do parcelamento? Comércio tem alternativas

Instados pela concorrência a reduzir os juros do crédito rotativo dos cartões (o pagamento mínimo), os grandes bancos se dividem sobre acabar com o parcelamento sem juros de compras no cartão de crédito. Segundo os defensores desta alternativa, seria uma forma de compensar a diminuição de taxas no rotativo, que em agosto eram de 238,3% ao ano, conforme a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Acabar com o parcelado sem juros traria impacto ao mercado, pois a modalidade movimenta 70% do volume financeiro dos cartões de crédito no País, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Para o economista-chefe do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, a discussão começou porque é certo que haverá redução nas taxas do rotativo. “Se houver, a mudança (fim do parcelamento) não ocorrerá neste final de ano, e nem no Natal. Não seria bom mudar agora porque o consumidor teria de ter tempo de se habituar às regras”, afirmou.

Solimeo disse que o comércio tem opções e pode contar com a concorrência entre os bancos. “Ele sempre vai pesar as condições de cada instituição e as alternativas que dispõe para maximizar seu resultado”, afirmou. Solimeo lembrou, inclusive, do uso do cheque pré-datado, que por muitos anos foi o principal meio de parcelamento utilizado pelo comércio.

O economista avaliou que a concorrência entre os bancos pode ser saudável, já que o fim do parcelamento sem juros não é unanimidade entre as instituições financeiras. Um argumento é que o parcelamento sem juros no cartão de crédito é responsável pela alta taxa do crédito rotativo. Nesta semana, essa tese foi defendida pelo Itaú Unibanco. Durante coletiva de imprensa, anteontem, o vice-presidente da área de Crédito ao Consumidor do Itaú Unibanco, Márcio Schettini, disse ser inevitável um redesenho dessa modalidade no Brasil, mas que o processo deve ser gradual e envolver o sistema financeiro, o comércio e o órgão regulador.
Schettini afirmou, ainda, que os custos elevados para manter uma carteira de recebíveis de longo prazo, sem juros, influenciam as taxas. O executivo disse que a medida seria boa para o lojista, que já repassa para os preços os seus custos para antecipar recebíveis.

Liquidez – Um dia antes, na segunda-feira, o diretor executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou durante teleconferência que não é preciso acabar com o parcelamento sem juros, e sim coibir excessos nos prazos de pagamento. Em agosto, durante o C4 Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor, o presidente do Citibank, Leonel Andrade, defendeu o fim do parcelamento sem juros, por tirar liquidez do fluxo de caixa das pequenas e médias empresas que queiram adotar a estratégia de estender o prazo de pagamento aos clientes.

Para a assessora econômica da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Fernanda Della Rosa, os comerciantes pequenos e médios já suportam muitos custos e, na atual conjuntura, não há espaço para que eles aumentem os preços ao consumidor. “Uma mudança neste momento seria contra o estímulo ao consumo esperado pelo governo”, disse. (* Colaborou Rejane Aguiar)

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 26/09/12 – Escrito por Rejane Tamoto*

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