Consumidor brasileiro otimista, mas cauteloso

O consumidor brasileiro está mais otimista. Pesquisa divulgada ontem pela Boa Vista SCPC mostrou que 41% dos entrevistados afirmam que sua situação financeira está melhor na comparação com o terceiro trimestre do ano passado; em outra ponta, recuou de 22% para 16% o número daqueles que se consideram em situação pior.

O otimismo parece não ser apenas momentâneo. De acordo com a pesquisa, 93% dos entrevistados disseram acreditar que os próximos 12 meses serão melhores  – o percentual mais alto já registrado, quando vistos os doze levantamentos anteriores.

Além de otimista, o consumidor brasileiro está mais cauteloso e preocupado em reduzir o seu endividamento, contribuindo para a estabilização ou mesmo o recuo dos níveis de inadimplência. De acordo com o presidente da Boa Vista SCPC, Dorival Dourado, o mercado de trabalho é uma variável importante que pode surtir efeito negativo sobre o pagamento das dívidas. “Por outro lado, temos um consumidor mais cauteloso, que assumiu o controle da sua situação financeira, somado ao maior rigor na concessão do crédito. Essas variáveis ajudam a conter a inadimplência”, afirma.

Para 2014, Dourado projeta um leve crescimento das vendas do varejo. De acordo com o executivo, um bom termômetro do desempenho neste ano são as datas comemorativas, nas quais se observa uma desaceleração dos gastos com presentes. “Teremos um final de ano bom, mas com um crescimento menor nas vendas na comparação com anos anteriores”, previu.

RIGOR MANTIDO

Para Dourado, o resultado das eleições não deverá interferir nos indicadores relacionados ao crédito e inadimplência. “Independente de quem seja eleito, não haverá reflexo direto ou relevante no mercado de crédito. Certamente será um ano de realinhamento, com um consumidor mais cauteloso e preocupado em reduzir o seu endividamento”, afirmou. Essa preocupação foi detectada antecipadamente na pesquisa, pois aumentou a proporção de consumidores dispostos a quitar as dívidas mais rapidamente. No levantamento atual, 66% dos entrevistados afirmaram que devem honrar os compromissos nos próximos 30 dias, ante 59% contabilizado no levantamento do mesmo trimestre do ano passado.

Para 2015, o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife projeta um aumento entre 2,5% e 3,5% na inadimplência. No ano passado, o indicador recuou 0,9%. No acumulado do ano, até setembro, essa taxa, que mede a evolução das novas dívidas, está em 2,4%. “É possível que haja aumento desse indicador, mas nada alarmante”, resume o economista. Isso porque há uma maior preocupação por parte dos concedentes de crédito. Na opinião dele, o rigor na concessão continuará, sem contar que o mercado tem usado um número maior de ferramentas de análises, reduzindo o risco da falta de pagamento.

De acordo com a pesquisa da Boa Vista, o desemprego assusta menos o consumidor neste trimestre, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Quando questionados sobre os motivos do não pagamento de dívidas, 29% citaram a falta de trabalho. No mesmo trimestre de 2013, o número era mais alto, de 34%. O boleto (ou carnê) foi a modalidade de pagamento que mais levou o consumidor para a lista de inadimplentes no último trimestre, com 31%, atrás do cartão do crédito, com 29%. No trimestre anterior, fechado em junho, o cartão de crédito liderou, com 29%. Na lista de produtos ou serviços que geraram a dívida, a aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos aparece em primeiro lugar, com 20%, seguida de vestuário e calçados, com 18%. Esses últimos itens foram os principais responsáveis pela inadimplência do terceiro trimestre do ano anterior, ao lado de material de construção, ambos com 19%. Naquele período, a aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos apareceu em terceiro lugar na lista.

Fonte: www.dcomercio.com.br  – Publicado , 16/10/14  – Escrito por Silvia Pimentel

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