O cartão de crédito é o principal vilão dos brasileiros que estão com o nome negativado no cadastro do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços, em todas as faixas de renda. Das 1100 pessoas entrevistadas pela empresa em junho, 41% entraram no vermelho por não conseguirem honrar com seus pagamentos na modalidade.
Dos consumidores que declararam ganhar até três salários mínimos, 44,7% apontaram o cartão de crédito como causador da restrição. Na faixa acima de dez salários mínimos, 30,1% estão endividados na modalidade de crédito que tem os juros médios mais altos do mercado, quase 11 % ao mês e 238% ao ano.
Para as faixas até três mínimos, os carnês/boletos vêm em segundo lugar nas causas da restrição, para as faixas acima de dez mínimos, o cheque sem fundo é o segundo maior causador das restrições na praça (27,4%).
Os entrevistados citam na média a compra de 1,4 produtos ou serviços como causadores do nome sujo. Para 25,6% dos entrevistados, uma das dívidas não pagas originou-se das compras de produtos relacionados com alimentação, 23,1% citam a compra de calçados e vestuário e 21,9% a compra de móveis e eletrodomésticos como os causadores das dívidas. Já 17,5% citam outros bens e, para 16,6%, as dívidas foram originadas do não pagamento de contas de concessionárias de serviços públicos. Nas faixas de renda acima de dez salários mínimos, a aquisição de outros bens (17,8%) e a compra de material de construção (17,8%) lideram as citações.
Motivos – O desemprego continua sendo a maior causa da inadimplência, representando 32,3% dos casos, mas o descontrole dos gastos subiu bastante em relação à última pesquisa e hoje praticamente empata com o desemprego, com 29,8% das citações. O empréstimo do nome é a terceira maior causa, caindo de 9,4% em março deste ano para 6,9%. O desemprego é a causa mais preponderante nas faixas de renda familiar até três salários mínimos (39,7%). Para as faixas acima de dez salários, o descontrole financeiro aparece como a principal causa (45,2%).
Quase a metade (48,7%) dos inadimplentes declara possuir uma conta em atraso que causou a restrição, 31,7% declararam possuir entre duas e três contas e 19% possuem quatro contas ou mais. Entre as dívidas não pagas, 29,4% estão abaixo dos R$ 500. Já 17,1% possuem dívidas acima de R$ 5.000, 16,6% entre R$ 1.000 e R$ 2.000 e 16,3% dos entrevistados devem algo entre R$ 500 e R$ 1.000.
Pagamento – Dos inadimplentes, 10% declararam que não terão condições de saldar suas dívidas e 90% responderam que esperam pagá-las total ou parcialmente.
Dos que afirmam ter condições de pagar, 32,1% pretendem pagar à vista e 67,5%, de maneira parcelada. Destes que esperam negociar, 60,9% pretendem pagar dentro dos próximos 30 dias, 26,9% entre 30 e 90 dias, 7,3% entre 90 e 180 dias e 4,9% querem prazos superiores a 180 dias.
Quando perguntados sobre o nível de endividamento e o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas, 25,4% dos inadimplentes se declaram muito endividados, 30,8% acreditam estar mais ou menos e 32,2% se declaram pouco endividados. Em março de 2012 eram menos consumidores muito endividados (22,2%).
Quanto à parcela da renda comprometida com dívidas (somando todas as suas dívidas, com restrição ou não) 27% declaram que mais da metade da renda familiar mensal está comprometida com o pagamento de dívidas. Em março, eram 23,7%.
Expectativas –Subiu de 29,7% para 38,4% o percentual dos que declararam que as dívidas de hoje aumentaram quando comparadas com as do ano anterior. Para os que julgam iguais, a parcela passou de 37,1% para 27,8%. Caiu também a proporção de inadimplentes que julga que a sua situação financeira é melhor hoje do que no ano anterior.
Em março de 2012 eram 49,4% que declaravam que a sua situação financeira atual é melhor do que há de um ano. Em junho esse número caiu para 37,4%, enquanto a proporção dos que acreditam que a situação está pior passou de 17,2% para 21,2%.
Em março de 2012 eram 82,1% os que acreditavam que a situação financeira estará melhor no próximo ano, agora são 73,3%.
Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado , 10/07/12 – Escrito por DC