Brasil: um bom final de ano

Enquanto uma boa parte das economias do mundo está caindo aos pedaços, os Estados Unidos (que estava “escalado” para ser o “patinho feio do pedaço”) surpreende e entra em recuperação, a China cresce menos, enfrentando problemas internos, porém se mantém relativamente com bom fôlego, e os países da zona do euro (sem surpresas além das más notícias) terminam 2011 em situação bastante delicada.

Esses países do Velho Continente não entram em acordo sobre o fato de que somente se constituindo numa verdadeira federação, com um poder central apto a redistribuir renda entre os seus membros, vão continuar com os mesmos problemas por toda a década. A resistência em chegar a decisões políticas que conduzam a região a uma forma de organização federativa, como as que existem no Brasil, nos Estados Unidos, no Canadá e na própria Alemanha, preocupa o resto da humanidade que tem consciência do enorme risco que uma ruptura entre eles representa para a paz e o desenvolvimento mundial. Não é possível esquecer o quanto de tragédias, de vidas perdidas e de patrimônio destruído, em razão da arbitragem militar que prevaleceu entre eles nos últimos mil anos, pelo menos.

Quanto ao Brasil, neste final do primeiro ano do novo governo federal, sob a presidência de Dilma Rousseff, podemos dizer que vamos indo relativamente bem em matéria de desenvolvimento, com estabilidade social.

A presidente tem se conduzido com profissionalismo, mostrando eficiência e firmeza ao lidar com os problemas sejam na esfera política sejam na administrativa. Seu governo vem agindo com competência para manter o País crescendo, com sua equipe econômica sustentando sem desvios a ampliação do controle fiscal e uma política monetária ajustada aos objetivos de controlar a inflação, sem se afastar das metas de crescimento.

Temos um déficit em torno de 2,5% ou 2,6% do PIB, uma dívida líquida em torno de 40% do PIB e uma relação Dívida Pública/PIB próxima de 60%.  Se olharmos em volta, vemos que o PIB brasileiro continua crescendo mais do que a maioria dos países,  certamente com uma performance inferior à que desejávamos e estamos acostumados. Mas terminamos o ano com uma expansão de 3% ou um pouco mais e com velocidade de cruzeiro para voltar ao ritmo de 3,5% a 4% já em 2012 e com boas possibilidades de  aumentar a velocidade nos próximos anos.

O Brasil está no mundo e aproveita as oportunidades de expansão quando recebe os benefícios do vento a favor e tem de enfrentar as dificuldades que fazem parte da vida neste planeta globalizado. Se a crise europeia piorar, seguramente não teremos um 2012 dos mais brilhantes, mas se a sua economia encontrar caminhos para reagir à crise e se a política produzir um avanço civilizatório importante, certamente reencontraremos  um crescimento mais robusto, com certeza bem maior do que o da maioria dos nossos parceiros.

Minha avaliação, nesse momento, é que a Europa  caminhará muito lentamente para a recuperação, mas evitará o pior, o que nos ajudará a retomar as atividades de comércio, que podem nos ajudar a aumentar o ritmo do crescimento ainda em 2012.

Quero aproveitar para desejar à todos os nossos caros leitores e às empresas que generosamente acolhem nossos comentários, um Feliz Natal e muito próspero Ano Novo de 2012.

Antônio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento

Fonte: www.dcomercio.com.br (Publicado Domingo, 18 Dezembro 2011 18:45 Escrito por Delfim Netto ..CWT-NYTS)

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