A imagem da empresa é patrimônio

A máxima que norteia o trabalho de Andreza Magalhães, de que a primeira impressão é a que fica, também deveria estar na pauta de preocupações de empresários e colaboradores, independentemente do ramo de negócio em que atuam. “Essa impressão acontece nos primeiros dez segundos”, afirma a executiva, uma publicitária que também já atuou como headhunter, se especializou em desenho de moda e há cinco anos fundou a Consultoria de Imagem Corporativa & Estilo Pessoal.

A clientela inicial de Andreza era formada por jovens fundadores de empresas de tecnologia, geniais nos seus inventos, mas pouco familiarizados com as convenções do mundo dos negócios. Eles queriam aprender a alavancar a imagem pessoal e preparar suas equipes de venda para se relacionarem com o mercado. “Havia dúvidas sobre como se vestir e se comportar”, diz.

Cartão de visita – O executivo e o funcionário de uma empresa são o seu cartão de visita. Nesse contexto, explica a consultora, devem saber distinguir o guarda-roupa pessoal, do equivalente profissional. Mas o vestuário, sozinho, não basta. É preciso conhecer a postura adequada para reuniões, eventos ou jantares; manter linguagem corporal adequada no ambiente corporativo e zelar pela imagem que a exposição na internet pode gerar. “Se a pessoa quer uma ascensão, tem que se comportar”.

“O ponto de partida – em benefício da impressão dos primeiros dez segundos – é a higiene pessoal. Cuidar do cheiro, hálito, cabelos lavados, unhas bem cuidadas (pelo menos com uma base), nunca um esmalte descascado”, afirma Andreza. Além disso é preciso um gestual adequado. O cumprimento, por exemplo, deve ser firme, mas sem chacoalhar a pessoa; e se recomenda evitar o toque ou o beijinho, principalmente no primeiro encontro.

Para a mulher, ensina Andreza, estão proibidos os decotes ousados, que provocam desconcentração; as transparências; saias curtas ou muita pele de fora, “como se ela fosse para uma festa”. O visual masculino deve abolir camisas abertas, mostrando o peito; jeans rasgados ou camisas de times. “Isso é recorrente nas empresas, mas não pode, nem no day-off”. A alternativa, mesmo no estilo esportivo, seria um casual jeans – com jeans de cor única, camisa polo e sapatenis, sugere a consultora. Os cuidados ainda incluem sapatos pelo menos bem limpos, nunca com solas esfoladas ou gastas.

A consultora observa que as mulheres não precisam, necessariamente, usar salto alto. “Uma calça preta, uma camisa e sapatilha bastam. Não é recomendável uma sandália totalmente aberta, fica muito casual”, acrescenta.

“O jeito de se vestir pode causar um falso julgamento do funcionário e gerar perda de credibilidade”, alerta Andreza. Ela observa ser comum se buscar a roupa da moda para ir trabalhar, especialmente entre os jovens.

A confusão acontece até em atividades mais formais, como a bancária. No universo mais formal, exemplifica, uma executiva pode compor 30 looks com apenas 12 peças (saia, vestido, blusa e camisa, em pares, mais três camisas e um blaiser). As pessoas mais tradicionais podem modernizar o seu visual com o uso de acessórios, como cintos e echarpes.

Visual da equipe: ponto importante.

O pequeno e médio empresário nem sempre observa a importância do visual da sua equipe e dele próprio para o negócio. “No varejo de moda, a solução varia muito conforme o ramo (moda surf ou esportiva, por exemplo)”, diz o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae SP), José Carmo Vieira de Oliveira.

Ele recomenda, independentemente do estilo, que haja uma padronização no visual da equipe. Pode ser uma cor, algo que permita ao cliente identificar a pessoa. “A vestimenta e a linguagem devem estar sintonizadas com o público da loja”, diz. Essa adequação, no entanto, não deve se distanciar das regras básicas, pondera Carmo.

Até nos segmentos de moda mais informais (como surf), não é permitido ser extravagante. Decotes ousados ou mini-saias estão proibidos; o perfume deve ser suave; a maquiagem, leve; as unhas, bem feitas; além de barba e bigode sempre aparados.

A extravagância, compara o consultor, funcionará como a presença de uma bela modelo em feiras: “Só atrai quem não tem interesse em comprar”. Ele acrescenta que mesmo o varejo popular não comporta gritos, gestos espalhafatosos e intimidade forçada.

A falta de cuidado com esses detalhes, alerta Carmo, significa que houve erro de contratação ou falta de treinamento. “O lojista está lidando com gente e essas pessoas mudam todos os dias”. Segundo o consultor, as vendas crescem de 15% a 20% após treinamento que normatiza comportamento da equipe.

O estilo próprio de um negócio

A empresária Valéria Montag, fundadora da Rouparia Montag – rede paulistana de peças femininas contemporâneas – segue a estratégia de estabelecer padrões para o visual da equipe e também para os comportamentos básicos de relacionamento com os clientes. Mas ela destaca que nem tudo deve seguir orientações rígidas.

“Apesar de padronizar, ainda somos uma empresa com cultura familiar. Queremos o atendimento personalizado”, afirma ela.

“Para manter o padrão e a característica de atendimento familiar, é importante reciclar sempre. E o dono tem que estar próximo ao negócio. Quando você cresce fica mais difícil”, acrescenta Valéria. Hoje, a rede tem cinco lojas.

O padrão, na Rouparia Montag, determina unhas com esmalte clarinho para as vendedoras, “para que o destaque seja o produto e não as unhas”. A cor vermelha, permitida às gerentes, pressupõe manicure impecável.

“O problema do vermelho é que precisa de manutenção duas vezes por semana”, explica Valéria.

Embora não adote uniforme – “a funcionária deve gostar do que veste, conforme o seu estilo” –, Valéria definiu que a parte de baixo (saia ou calça comprida) deve ser preta, compondo com uma parte superior com opções como o branco, cinza ou preto.

Acessórios – São permitidos acessórios, em concepções elegantes e discretas; sandálias em pés bem cuidados; perfume; e maquiagem neutra. Tudo embalado com muita gentileza e educação, enfatiza a empresária.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 16/09/12 – Escrito por Fátima Lourenço

Comments are closed.