Um Consumidor menos empolgado

Cautela ainda foi a palavra de ordem para o consumidor em setembro – assim como nos três meses anteriores a esse. Dados do Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), medido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com o Instituto Ipsos, revelam que o indicador registrou 135 pontos no mês passado, ante 139 em agosto, 138 em julho e 137 em junho. “A confiança do consumidor permanece no campo otimista (acima de 100 pontos), mas ele está cauteloso porque a economia não apresentou uma recuperação mais consistente. Esse cenário exige maior atenção na condução da política econômica para não comprometer a retomada”, diz Rogério Amato, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).

Comparado a igual mês de 2012, a queda de setembro foi bastante significativa, de 23 pontos. No mês de 2012, o INC registrou 158 pontos. Segundo Emilio Alfieri, economista da ACSP, há um ano atrás as expectativas futuras de recuperação econômica eram mais otimistas pela ótica do consumidor. Porém, elas acabaram sendo frustradas quando saiu o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado (de 0,9%).

“Era um otimismo infundado, que hoje justifica essa grande diferença na confiança em termos anuais. E a partir da ocorrência das manifestações populares em junho, o consumidor tomou consciência que a situação não é tão otimista quando ele pensava”, afirma Alfieri.

No recorte por classes sociais, a classe C continuou em setembro como a mais otimista, apesar do declínio do INC  para 140 pontos ante 144 em agosto. Já as classes D e E registraram leve baixa, de 128 para 126 pontos, e as classes A e B permaneceram estáveis, com 125 pontos.

Quanto às regiões, apesar de o Norte e o Centro-Oeste continuarem na liderança, houve uma queda expressiva de 27 pontos no INC em setembro, que registrou 163 pontos. O recuo provavelmente foi puxado pela base forte de comparação com agosto, quando o índice subiu de 179 para 190 pontos devido aos bons resultados das safras nessas regiões, explica Alfieri. No Sudeste, houve queda de 139 para 136 pontos, e no Nordeste o recuo foi de 134 para 131. Mesmo mantendo a posição habitual como último do ranking, o Sul, porém, foi o único a registrar alta, de 126 para 130 pontos.

Já nas áreas analisadas pela pesquisa ACSP/Ipsos, as 70 cidades do Interior foram as únicas que em setembro apresentaram INC estável na média, com 136 pontos. Já nas capitais, houve queda de cinco pontos (144 para 139), e nas Regiões Metropolitanas, de 135 para 125 pontos. “Onde a atividade ainda está ligada ao agronegócio a confiança se mantém. Já nas demais, não melhorou”, afirma Alfieri.

Quando se fala em percepção sobre a situação financeira atual, a pesquisa mostra estabilidade, já que 44% dos consumidores a consideraram boa em setembro, ante 45% em agosto. Assim como na situação financeira futura, considerada estável (por 49% dos entrevistados).

Mas outro indicador pode sinalizar um alerta: em setembro, apenas 36% dos consumidores afirmaram se sentir seguros no emprego, ante 39% em agosto e 42% em setembro de 2012. Já os favoráveis à compra de eletrodomésticos foram 42% do total, ante 45% em agosto e 48% em igual período do ano passado. “Apesar de permanecer otimista, o consumidor reavaliou suas expectativas quando a recuperação da economia não ocorreu, por isso está mais cauteloso”, completa o economista da ACSP.

Fonte: www. dcomercio.com.br – Publicado, 08/10/13 – Escrito por Karina Lignel

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