Ao longo dos meus quarenta anos de vida profissional, poucas foram as empresas que não apresentaram dificuldades de capital de giro durante minha gestão, obrigando-me a um exercício constante de sobrevivência, onde pagar fornecedores, pagar salários, pagar bancos e pagar impostos, era uma equação que exigia uma total imersão nas prioridades de alocação dos poucos recursos disponíveis.
A bem da verdade, convém esclarecer, que essa situação se agravou a partir da década de 90, com a abertura de mercado, onde o Brasil abriu suas portas para as importações, provocando no nosso sofrido mercado, uma invasão de matérias-primas e produtos acabados, principalmente, invialibilizando nossas “fragilizadas” empresas que já sofriam no início da década de 90 com uma carga pesada do chamado “Custo Brasil”.
Muitas empresas não estavam preparadas para enfrentar esse mercado altamente competivo, com custos e despesas que inviabilizam seus preços de venda, não conseguindo competir em iguais condições, pois as contas teriam que serem feitas de fora para dentro da empresa, numa imersão total em todos os itens da cadeia de agregação de valores, culminando numa profunda análise econômico-financeira, tentando sobreviver em condições desfavoráveis.
O mercado é quem ditava os preços a serem pagos pelos produtos ofertados, restando às empresas diminuir os seus custos e despesas, assim como, investir em novas tecnologias e novos mercados, produzindo com qualidade e investindo na capacitação dos seus talentos humanos.
Mas como fazer isso sem dinheiro? Bom, era uma missão quase impossível, e diante desse quadro, muitas empresas foram levando suas operações aos “trancos e barrancos”, e quem conseguiu sobreviver, renasceu das cinzas às custas de muito sacrifício.
E hoje, como fazer? Estamos vivendo uma nova era com a chamada “globalização” e com uma economia ainda mais competitiva. Estamos num mercado concorrendo cada vez mais com empresas altamente preparadas em termos de tecnologia e capacitação dos seus talentos.
Para que as empresas possam superar a falta de capital de giro, existem muitas “receitas” que o mercado editorial sugere, assim como, artigos na internet, consultorias, assessorias e outros que se “aventuram” em encontrar a solução da equação citada no início deste artigo.
Sem querer ser o “dono da verdade”, e isso está longe dos meus objetivos quando resolvi escrever este artigo, proponho encontrarem soluções caseiras, que vão das mais simples ações de reduções de custos e despesas, assim como, pela revisão dos seus propósitos básicos como empreendedores, revendo a missão da sua empresa, a visão, as crenças e os valores, formulando um novo elenco de declarações estratégicas.
Pergunte a si mesmo, onde foi que “você errou” e onde foi que “você acertou”, e veja se as suas ações e decisões, assim como de todos os seus colaboradores, foram tomadas ou estão sendo tomadas com base na missão da sua empresa e nas demais declarações estratégicas.
Ações do tipo renegociar com fornecedores, bancos, terceiros e administrar o passivo trabalhista e o passivo tributário, são ações de cunho financeiro no curto prazo, viabilizando, ou pelo menos tentando viabilizar, um fluxo de caixa que consiga equilibrar as contas.
Convém lembrar que, se esses estudos não forem feitos à luz de um Planejamento Estratégico, que tem a visão do longo prazo, norteando a empresa na recuperação das margens e reencontrando o retorno sobre o investimento, essas ações se tornarão um castelo de areia.
Resumindo, acredite na sua vocação, acredite no seu espírito empreendedor, acredite nos seus parceiros, negocie, acredite nos seus colaboradores, convoque-os para a realidade da sua empresa, divida com eles a busca da recuperação e faça-os acreditar que juntos e com responsabilidade, ética e comprometimento o sucesso será alcançado.
“PAIXÃO, ENTUSIASMO E COMPROMETIMENTO: MULTIPLIQUE ESSA IDÉIA”
Prof. Adm. Francisco Carlos Damiati – CRASP 21.208
É formado em Administração de Empresas e Contabilidade; Pós Graduado em Contabilidade Gerencial e Controladoria e em Gestão Empresarial; Professor em MBA e Graduação; Palestrante; Consultor e Assessor Empresarial.
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