O Cadastro Positivo, mesmo antes de sua entrada em operação, já tem 50% de aceitação entre os consumidores. E a quantidade de pessoas que não querem fazer parte desse banco de dados recuou seis pontos percentuais do ano passado para cá. Hoje são 24%, contra 30% em 2011, logo após a promulgação da lei que instituiu o Cadastro (nº 12.414). As estatísticas fazem parte de uma pesquisa feita pela Boa Vista Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), e que foi divulgada ontem.
Mesmo entre as pessoas que têm receio dessa iniciativa, uma parcela razoável dos entrevistados, 26%, considera mudar de opinião e aderir ao banco de dados no futuro.
O Cadastro Positivo é um banco de informações de consumidores, com dados como operações de crédito e pagamento de contas de serviços como gás e telefone. As informações só serão reunidas no cadastro com a autorização do consumidor. O objetivo é que a ferramenta ajude bancos e financeiras no momento da concessão de crédito e definição de taxas de juros.
O Cadastro entrará em operação assim que um decreto complementar for aprovado pelo governo federal. Segundo o presidente da Boa Vista Serviços, Dorival Dourado, o documento está no Ministério da Fazenda e seguirá para a Casa Civil.
Para o executivo, os números mostram um consumidor mais maduro em relação ao tema. “É positivo o aumento de pessoas que declararam querer entrar no Cadastro, mesmo sem a divulgação maciça do dispositivo”, disse. Esse processo de aprendizado, afirmou, tem relação com o aumento do crédito nos últimos dez anos, quando a base chegou a 40 milhões de pessoas. “São pessoas que se endividaram, ficaram inadimplentes e renegociaram seus débitos. Com a experiência, acabam entendendo como os juros funcionam”, afirmou.
O presidente da Boa Vista Serviços disse que já conversa com bancos e varejistas para que façam ações de divulgação e esclarecimento do Cadastro Positivo, assim que o decreto for aprovado.
O presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, disse que a entidade participou ativamente do processo de aprovação do Cadastro e, agora, ajudará a divulgá-lo para a população. “O Cadastro Positivo é importante não só para o crédito, mas para o País, tanto para o bom como para o mau pagador. Ele tem o aspecto cultural de premiar o desempenho de forma geral. É uma ferramenta educativa, que incentiva o planejamento financeiro e o consumo consciente”, disse.
O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Marcel Solimeo lembrou que o Cadastro Positivo deve favorecer o aumento do volume de crédito de forma segura. “Vai trazer benefícios ao consumidor e evitar o surgimento dos superendividados”, disse Solimeo.
A aceitação do consumidor ao instrumento aumenta conforme o grau de educação financeira. Entre os entrevistados com conta-corrente em banco, 57% se disseram dispostos a aderir ao banco de dados. Boa parte dos consumidores consultados, 68%, acreditam que o desconhecimento sobre o que é e como funciona o Cadastro Positivo é motivo forte para a não-adesão. Para 86% dos consumidores ouvidos, ter mais informações sobre o Cadastro seria importante para uma tomada de decisão. O desconhecimento sobre o tema foi apontado em várias classes sociais (83% na classe A, 86% na B, 84% na C e 74% na D e E). Para Dourado, os maiores beneficiados pelo Cadastro Positivo serão os cidadãos das classes C, D e E.
Privacidade – Pela pesquisa, o receio da perda da privacidade é maior entre os entrevistados das classes D e E. Eles temem entrar no Cadastro Positivo e serem discriminados caso atrasem uma conta por dificuldades imprevistas.
Dourado afirmou que a privacidade é um receio que não condiz com a realidade do banco de dados, que considerou seguro e confiável. “Esses detalhes estarão no decreto. Ele exigirá que apenas empresas idôneas, com governança, compliance e transparência possam operar o Cadastro Positivo. Isso é bom para evitar a entrada de aventureiros. Além disso, estão proibidas no Cadastro informações do sigilo bancário (como movimentação e limite de crédito da conta ou do cartão, por exemplo)”, explicou Dorival Dourado.
Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado 19/06/12 – Escrito por Rejane Tamoto