Junho não empolgou o comércio

Mais endividamento, menos crédito, e ela de novo: a Copa. Os três fatores puxaram para baixo as vendas do comércio em junho, de acordo com a segunda edição do ACVarejo, boletim da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) baseado em dados do ICMS da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP). Pelo levantamento, o volume de vendas das concessionárias de veículos do Estado despencou 26,6% em junho, ante igual mês de 2013. Em relação a maio de 2014, a queda foi de 17,6%. No período acumulado de seis meses (janeiro a junho/2014), o recuo foi de 18,8%.

Já nas lojas de material de construção, as vendas caíram 19,5%, 14,2% e 8,6%, respectivamente. “As quedas nas vendas desses setores decorrem da maior seletividade na concessão de crédito por parte dos bancos, e do maior endividamento das famílias”, avalia Rogério Amato, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e presidente-interino da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil).

Os dois setores e a realização da Copa do Mundo foram os principais responsáveis pelo fraco desempenho do varejo paulista como um todo em junho: no total, as vendas diminuíram 8,8%, 7,1% e 6,8% ante junho de 2013, maio de 2014 e nos primeiros seis meses.

Na capital, o varejo também fechou no vermelho, com saldos negativos de 12,1%, 8,1% e 10,6%, respectivamente. Todos os outros setores apresentaram quedas nas vendas em junho nas três comparações – exceto em lojas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que registraram alta nas vendas de 0,5%, 4,8% e 27,9% ante junho de 2013, maio de 2014 e no acumulado janeiro-junho de 2014.

Já as vendas de televisores para a Copa e aparelhos como smartphones e tablets puxaram os números positivamente. Nas lojas de departamento, as vendas cresceram 13,2% ante junho de 2013. “Os resultados do mês foram muito influenciados pela redução do número de dias úteis em razão da Copa do Mundo. A perspectiva para o varejo para o restante do ano é de crescimento moderado em função da desaceleração do crédito, do menor crescimento dos salários e do emprego, e da perda de poder aquisitivo decorrente da maior inflação e da baixa confiança do consumidor”, comenta Amato.

A análise acima, feita pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP, foi a do chamado varejo ampliado, que inclui automóveis e material de construção. O Instituto também pesquisou o varejo restrito, que exclui esses dois itens. No Estado, os volumes de vendas do varejo restrito apresentaram em junho recuos de 3,4%, 4,5% e 3,9% em comparação com junho/2013, com maio/2014 e no acumulado 2014 (janeiro a junho), respectivamente. Já na capital, as quedas no varejo restrito foram de 6,5%, 2,7% e 8,3% nas mesmas comparações. Neste caso, as vendas caíram menos – o que comprova que os dois setores puxaram mesmo os números para baixo.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 25/08/14 – Escrito por Karina Lignelli

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