Cadastro Positivo é necessário agora

A inadimplência no Brasil subiu gradualmente nos últimos 12 meses, saindo de 5% para o nível atual de 7%. Embora as condições macroeconômicas tranquilizem o mercado quanto a um possível descontrole dos endividamentos, Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), chama a atenção para a necessidade de uma blindagem maior por meio do aumento da qualidade da concessão de crédito. Nesse sentido, o economista destacou a importância da implantação efetiva do Cadastro Positivo ontem, durante o congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meio de Pagamento (CCMCC), realizado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O Cadastro Positivo permite ao mercado ter acesso ao histórico de crédito do consumidor que disponibilizar tais informações. Tendo acesso a esses dados, será possível criar condições diferenciadas para o bom pagador e também restringir o crédito para quem tem histórico ruim. “O cadastro torna mais criteriosa a concessão do crédito. Ao mesmo tempo, ele é educativo para o consumidor, que perceberá as vantagens de ser um bom pagador”, disse Solimeo.

Para o economista-chefe da ACSP, uma das causas do aumento da inadimplência foi a falta de rigor dos empréstimos concedidos anos atrás, em especial para compra de veículos. Soma-se a isso o fato de uma grande parcela da população passar a compor uma crescente classe média. “Cerca de 40 milhões de novos consumidores entraram no mercado em uma década sem que tivessem experiência de lidar com crédito. São esses consumidores que preocupam, por terem dívidas com mais de um credor”, disse.

O Cadastro Positivo precisa de regulamentação, mas os birôs de crédito já podem trabalhar na criação com as informações dos consumidores nos banco de dados. O consumidor já pode autorizar a inclusão do seu nome no cadastro. Marcos Diegues, assessor executivo do Procon-SP, reforçou no evento a importância da função educativa da ferramenta. “Na regulamentação tem que ficar claro que o consumidor deve ser informado sobre os motivos pelo qual ele teve a concessão de crédito negada”, afirmou.

Historicamente, o nível de inadimplência brasileiro é elevado comparando com economias da região. Na Argentina, hoje ela é de 2%. No Chile, de 0,8%. Ainda assim, para Solimeo, as condições macroeconômicas do País tranquilizam o mercado. “O cenário econômico no curto prazo é favorável. O crédito vai crescer, o emprego e a renda vão crescer e os juros vão cair, o que favorece a renegociação dos débitos. Isso deve ajudar a segurar a inadimplência”, disse Solimeo.

Fonte: www.dcomercio.com.br –  Publicado 09/05/12 – Escrito por Renato Carbonari Ibelli

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