ACSP projeta alta entre 3% e 4% nas vendas deste Natal

O varejo está entrando no espírito do Natal. As promoções já aparecem em algumas vitrines, os estoques estão sendo reforçados e os temporários começam a reforçar o quadro das lojas. Esses preparativos são importantes pois as vendas dão indícios de que podem aumentar nestes últimos meses do ano. Os números do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da primeira quinzena de outubro, indicam melhora no comportamento do consumidor, que voltou a comprar bens duráveis. Mas Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), prefere projetar alta moderada nos negócios deste Natal, entre 3% e 4%.

Os dados da primeira quinzena mostram aumento de 6,4% nas vendas a prazo, ou seja, nas operações de bens de maior valor agregado. Até então, o que se desenhava era um cenário de queda do consumo desses produtos. Um dos motivos que levaram o consumidor a segurar os gastos foi o elevado nível de endividamento. Além disso, as seguidas reduções da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) fez o consumidor antecipar as compras de linha branca, móveis e demais bens englobados pela desoneração, o que, em teoria, reduziu sua capacidade de aquisições futuras, o que inclui as de Natal.

Como os números do início de outubro apontam para um comportamento diferente do esperado, Alfieri acha que o consumidor está se desdobrando para aproveitar os benefícios da redução do IPI, prorrogada até o fim do ano, para linha branca e móveis.

Outros fatores podem ajudar a vender mais neste Natal. Segundo Alfieri, apesar de o endividamento ser elevado, a inadimplência, medida pela ACSP, arrefeceu de 6%, em agosto, para 5,5%, em setembro. O otimismo do consumidor tem melhorado. O Índice Nacional de Confiança (INC), medido pela ACSP em parceria com o Instituto Ipsos, mostra que, em setembro, a confiança aumentou, passou de 150 pontos em agosto para 158 em setembro, encerrando uma sequência de queda que durava desde o início do ano, quando o índice marcava 173 pontos. O indicador varia de zero a 200 pontos.

Nesse cenário de expectativas incertas, os lojistas fazem projeções distintas. Para José Romão, proprietário da Romão Calçados, as vendas em suas lojas devem crescer entre 10% e 15% neste Natal. “O consumo de calçados vem em um bom ritmo. Acredito que as vendas seguirão boas até o Natal”, diz Romão. Para ele, a dificuldade atual é encontrar vendedores no mercado para reforçar a equipe para o final do ano. “Tenho 12 vagas para temporários abertas, mas não encontro profissionais de vendas pra preenchê-las”, afirma o empresário.

O complexo comercial do Shopping Metrô Tatuapé também projeta 15% de altas nas vendas de Natal, sendo que esse aquecimento será impulsionado por um esperado aumento de 18% no público do empreendimento, na comparação com o verificado em igual data do ano passado.

Já Felipe Lamego, gerente da loja de brinquedos Fênix instalada no Shopping Metrô Tatuapé, tem projeção mais modesta para suas vendas. Segundo ele, o Natal deste ano será 5% melhor do que o do ano passado. “Os clientes estão com a renda comprometida com dívida. Tenho recebido pessoas que pedem para parcelar compras de R$ 30, ou seja, estão com pouco recurso para gastar. A expectativa é que, como costuma acontecer, o brasileiro deixe para correr às compras no último momento”, afirma Lamego, que estima que o ticket médio de suas vendas para a data será de R$ 35.

Mas, no geral, segundo Alfieri, os lojistas devem ter os pés no chão neste final de ano. Ainda que os números da quinzena do SCPC e os resultados pontuais dos indicadores de inadimplência e otimismo do consumidor tenham se mostrado melhores, na opinião do economista da Associação Comercial, eles ainda não são suficientes para confirmar uma tendência de alta nas vendas. “Eles oferecem um fio de esperança, mas o mais garantido é trabalhar com avanço de 3% a 4% nesse Natal”, diz Alfieri.

Provar dá dicas para vender mais

Existem alguns cuidados no ponto de venda que podem ajudar a incrementar as vendas no final de ano. Segundo Cláudio Felisoni, presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar), os lojistas precisam criar ferramentas que atraiam os clientes para suas lojas e que os mantenham o maior tempo possível dentro delas. “Quanto mais tempo permanecerem, maiores as chances de comprarem mais”, destaca.

Uma dica é destacar produtos com margem de lucro maior, deixando-os, pelo menos, a 1,5 metro do chão, o que facilita a visualização pelos clientes. Outra estratégia é usar preços quebrados, como R$ 9,90. Pesquisa do Provar aponta que, para 70% dos entrevistados, preços quebrados despertam mais interesse do que números cheios.

Promoções são o principal chamariz para o consumidor. Os clientes são atraídos por esses produtos, mas levam outros itens. É possível reduzir a margem de um produto para tentar vender outros, diz.

Outra dica para os lojistas é fazer as compras gradualmente, pois o cenário é incerto em relação às perspectivas de vendas, e as sobras de mercadorias nunca são desejáveis.

Como contratar corretamente

O Natal deste ano deve garantir a oferta de 155 mil vagas para trabalhadores temporários, com a projeção de que 75% do total ocupe vagas no comércio. A expectativa é da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). Reforçar o quadro de funcionários para o fim do ano é uma boa pedida, mas há detalhes que precisam ser considerados para garantir que a contratação da equipe seja feita dentro da lei.

Jismália Alves, presidente da Asserttem, explica que o temporário tem garantido por lei praticamente todos os direitos que um funcionário efetivo. As exceções são o aviso prévio e o recebimento da multa de 40% sobre o FGTS.

Para ter caráter temporário, o trabalho deve ter duração máxima de três meses, com a possibilidade de prorrogação por mais três. A contratação legal tem que ser intermediada por agências de emprego. “É importante que o empregador verifique se a agência tem o CNPJ registrado no Ministério do Trabalho”, recomenda.

No caso de efetivação, o contrato inicial tem de ser encerrado. Depois, a contratação efetiva é formalizada entre trabalhador e contratante.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 21/10/12 – Escrito por Renato Carbonari Ibelli

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