Vendas crescem, mas não convencem

As liquidações e o Dia dos Pais puxaram as vendas do comércio paulistano em agosto, que cresceram, em média, 2,4% ante julho. Os dados são do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Só no movimento de vendas à prazo, a alta foi de 5,1% mas, nesse caso, o indicador foi impulsionado também pela base fraca de comparação do mês passado, que teve Copa do Mundo com feriados e alteração nos horários do funcionamento do comércio.

A comparação interanual também sofreu esse impacto, e registrou queda de 3,1% ante igual mês de 2013. “Mesmo com a reação parcial das vendas a crédito, o movimento não conseguiu chegar ao nível do ano passado. O efeito-calendário (um dia útil a menos que em agosto de 2013) também influenciou. Já o acumulado do ano (de 0,8%) segue o próprio desempenho do PIB (0,5% no primeiro semestre)”, explica Emílio Alfieri, economista da ACSP.

Segundo Rogério Amato, presidente da ACSP, da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (ACSP) e presidente-interino da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), o resultado também reflete a política macroeconômica de subir os juros para combater e inflação e restringir o crédito. “A isso se soma o comportamento do consumidor, que está mais cauteloso e com a confiança em patamar baixo”, ressalta.

Já o movimento de vendas à vista, que registrou queda de 0,3% na comparação agosto-julho, e alta de 0,3% ante agosto de 2013, sugere estabilidade, segundo Alfieri. “O resultado é reflexo do comportamento da massa salarial e do nível de desemprego, que flutuam próximos à estabilidade. Já no acumulado janeiro-agosto, a alta foi de 1,8%, puxada pela compra de presentes dos pais ou itens de uso pessoal, como vestuário, farmácia e perfumaria. “Essa alta sinaliza espaço para crescer, e melhora as perspectivas para o segundo semestre”, completa o economista.

Recessão técnica – Nos indicadores de inadimplência medidos pelo Balanço de Vendas da ACSP, a alta em agosto ante julho foi de 8,8% , um reflexo das vendas do Dia das Mães, segundo Alfieri. Por outro lado, na comparação com agosto de 2013, houve queda de 1,1% , o que acompanha a concessão de crédito mais rigorosa pelas lojas e bancos.

Quanto a recuperação de crédito, a alta foi de 9,1% em agosto  um “dado alentador”, segundo o economista, mas que registrou leve queda de 1,8% ante igual mês de 2013. “Esses indicadores têm sinalizações ambíguas e oscilações que sugerem estabilidade com pequena propensão à alta. Mas nada que preocupe o varejo”, completa.

De modo geral, o economista afirma que, embora os dados da economia real sugiram pessimismo (como o crescimento do PIB)  inclusive frente ao cenário eleitoral , os principais indicadores do mercado financeiro, como dólar e Bolsa, continuam estáveis ou subindo. Ou seja, sinalizam outra perspectiva.

“Claro que esse não é o momento para comprar ações ou vender imóveis, por exemplo. É precipitado chegar a qualquer conclusão com esses indicadores ambíguos. Eles não estão tão bem, mas vale lembrar que essa é uma espécie de recessão técnica, e tudo isso pode ser temporário”, conclui.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 1/09/14 – Escrito por Karina Lignelli

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