As vendas no varejo avançaram 0,9% no mês de abril, na comparação com março, de acordo com o Indicador de Movimento do Comércio da Boa Vista Serviços, empresa que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Nos últimos 12 meses a evolução verificada foi de 5,2%, alta semelhante àquela que a Boa Vista Serviços projeta para o final de 2013. Porém, caso este resultado se confirme ao final do ano, ele representará queda relativa ao verificado no ano passado, quando as vendas do varejo cresceram 7,3%.
Para Flávio Calife, economista da Boa Vista, a tendência observada é de relativa desaceleração do varejo. Se em 12 meses o crescimento foi de 5,2%, nos primeiros quatro meses de 2013 houve recuo de 0,7% na comparação com igual período do ano passado. Sendo que isoladamente, abril deste ano apresentou queda de 2,9% diante de igual mês do ano passado. Este arrefecimento ocorre, segundo Calife, por causa da “desaceleração do mercado de trabalho, do arrefecimento do crédito no início do ano e por causa da alta da inflação, influenciada principalmente pelos preços dos alimentos”.
Mas estes fatores, de acordo com o economista da Boa Vista, já começam a apresentar sinais de melhora, o que pode indicar reversão da tendência de relativa desaceleração das vendas para os próximos meses. Calife destaca ainda a observação de recuo da inadimplência, “o que significa melhora na capacidade de pagamento do consumidor e uma maior disponibilidade de crédito no mercado”. Além disso, o economista aponta que o comprometimento da renda do brasileiro está caindo.
“Até o meio do ano passado prevíamos alta de 5% para as vendas, mas fechamos com 7,3% de crescimento. Esta reversão na tendência de desaceleração pode estar começando a ocorrer neste ano”, diz Calife. Voltando aos dados referentes ao mês de abril, o setor com maior variação positiva foi o de combustíveis e lubrificantes, que registrou aumento das vendas de 2,5% na comparação com março. Na comparação com abril do ano anterior, o setor registrou elevação de 5,9%. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 6,7%.
Supermercados – O setor de supermercados, alimentos e bebidas registrou leve crescimento das vendas em abril, de 0,1%, em relação a março de 2013. Mas o indicador apontou contração de 1,8% na atividade do setor quando confrontado com abril de 2012. No entanto, em 12 meses, a alta foi de 6,8%.
Já as maiores quedas foram registradas pelo setor de móveis e eletrodomésticos, cujas vendas de abril recuaram 2,2% diante do mês imediatamente anterior. Este foi o quarto resultado negativo consecutiva deste setor. Na comparação entre abril deste ano e do ano de 2012, o setor de móveis e eletrodomésticos mostra queda de 2,9%, sendo que no acumulado de 12 meses registra elevação de 2,8%. Também contribuindo negativamente o setor de tecidos, vestuários e calçados, que apresentou queda de 0,2% em abril quando confrontado com março. O crescimento acumulado do indicador nos últimos 12 meses exibiu acréscimo de 3,4%.
O Indicador de Movimento do Comércio é obtido a partir da série histórica mensal da quantidade de consultas efetuadas à base de dados da Boa Vista Serviços em âmbito nacional. As consultas são feitas por estabelecimentos comerciais e instituições financeiras na venda.
Projeção é de forte alta em junho e julho
O Índice Antecedente de Vendas (IAV), do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), projeta que as vendas do varejo voltam a apontar forte alta em junho e julho, com crescimento real de 9% e 7,8%, respectivamente, em comparação com iguais períodos do ano passado.
Já para este mês, a perspectiva é de que haja uma alta de 7,3%. O IAV traz a expectativa de empresários com relação às vendas futuras.
O IAV-IDV também aponta uma recuperação no crescimento real no conceito mesmas lojas. De acordo com os associados do IDV, este aumento será de 1,4%, 3% e 1,9% em maio, junho e julho, respectivamente, sempre em relação a igual período de 2012. O varejo de não-duráveis, que corresponde pelas vendas de alimentos, entre outros, aponta forte recuperação em maio, com crescimento de 5,8%. Para os dois meses seguintes, os associados estimam altas de dois dígitos, de 12,8% e 13,3%. Vale ressaltar que o desempenho desta categoria tem o maior peso nas medições do IAV-IDV.
Para o setor de semiduráveis, o IAV estima um crescimento de 10,6% em maio. Para junho e julho, observa-se uma manutenção das vendas em dois dígitos, com expectativa de crescimento de 11,2% e 10,3%, respectivamente. Para o segmento de bens duráveis, em maio, a expectativa do IAV é de alta de 7,3%. Contudo, para junho e julho, o índice aponta desaceleração, com estimativas de alta de 6% e 4,2%, respectivamente, na comparação com iguais meses de 2012.
Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 21/05/13 – Escrito por Renato Carbonari Ibelli