Inflação permanecerá em alta nos próximos meses

Por Fábio Silveira

Conforme previsto, o IPCA teve importante elevação em setembro de 2012, em função sobretudo do aumento dos preços dos alimentos. No mês passado, o índice oficial de inflação subiu 0,57% (algo muito próximo de nossa projeção de 0,60%), por conta principalmente da alta de 1,26% do referido grupo de produtos.

A majoração do IPCA – Alimentos, todavia, deveu-se mais à ação de fatores externos do que internos. Ao longo do 3º Trimestre de 2012 houve extraordinária valorização internacional de soja, milho e trigo, como reflexo da forte seca ocorrida nos Estados Unidos e da intensificação de movimentos especulativos nos mercados futuros de tais commodities.

Esse choque de preços registrado no exterior teria naturalmente que chegar ao país. Como na realidade chegou. Primeiro desembarcando no atacado em Agosto de 2012; e no mês seguinte, no varejo.

Em outubro de 2012 e novembro de 2012 espera-se que o Grupo de Alimentos suba novamente de modo expressivo, já que a aceleração drástica do preço internacional de tais grãos / cereais no período julho de 2012 – Setembro de 2012 não foi até agora “captada totalmente“ pelos índices domésticos de inflação ao consumidor.

Além disso, aumentos importantes de milho e soja são logo transferidos para os preços das carnes. No varejo brasileiro, o encarecimento de frango e suíno iniciou-se também em setembro12, devendo portanto prosseguir no bimestre subsequente.

De forma complementar, nota-se que o incremento constante da massa salarial contribui para a subida de preços de bens e serviços do grupo de Despesas Pessoais. O aumento de renda das famílias, entretanto, é causa secundária do recente repique inflacionário.

Em dezembro de 2012 / janeiro 2013, o ciclo altista do IPCA – Alimentos tende a se exaurir, em linha com o que já ocorre no mercado internacional de soja, milho e trigo, cujos preços situam-se agora em patamar equivalente, ou mesmo abaixo, do verificado em setembro de 2012. A atual pressão inflacionária da economia brasileira, portanto, é passageira, devendo mostrar arrefecimento na virada deste ano.

Ano I, ed.45
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