O sócio e diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, que participa do Projeto Vozes da Classe Média, está preparando um amplo estudo sobre a inadimplência da chamada nova classe média para o início do próximo ano. “Entretanto, posso assegurar que esses consumidores começam a entender melhor a lógica do sistema financeiro, de cartão de crédito. Aprenderam a duras penas como controlar o orçamento”, afirma.
Meirelles explica que pesquisas do instituto têm indicado que as pessoas com menor poder aquisitivo prezam pelo nome limpo no mercado. Além disso, os integrantes da nova classe média utilizam a renda extra do final do ano, decorrente do 13º salário, para saldar dívidas. “E há uma tendência de essas pessoas passarem a privilegiar o pagamento à vista em compras de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, tal como acontece em países desenvolvidos”, diz.
O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Emilio Alfieri lembra que, tradicionalmente, as pessoas com menor poder aquisitivo são as que mais honram as dívidas por medo de terem o nome inscrito nos cadastros de inadimplentes. Na pesquisa Perfil de Inadimplentes, feita pela ACSP até o ano passado, consumidores com renda entre dois e três salários mínimos lideravam os registros de inadimplentes.
“A faixa de um salário mínimo aparecia muito pouco no índice porque não há sobra de dinheiro. O risco maior está no grupo de pessoas com renda acima de dois salários mínimos”, explica. Além da falta de dinheiro extra para comprar a prazo, o economista cita a maior dificuldade na obtenção de crédito como a segunda explicação para o menor risco de inadimplência nessa faixa de renda.
Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 20/09/12 – Escrito por Sílvia Pimentel
