Comércio terá ano melhor que o do PIB

O economista-chefe  do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, projetou ontem que o varejo brasileiro deve crescer quase 3% em 2012 e de 6% a 7% em 2013. “O varejo vem crescendo historicamente acima do PIB (Produto Interno Bruto), e espera-se para o PIB no ano que vem de 2% a 3% de crescimento” explicou. Essa projeção é baseada na manutenção das condições de taxas de juros próximas às que são praticadas hoje e a uma taxa de inadimplência em queda. “Os juros não vão mudar muito – pode haver uma nova redução, mas não haverá alta – e a inadimplência nas lojas e nos bancos deverá apresentar queda. Fica mais difícil prever o que vai acontecer com a indústria, que esboçou uma reação, mas que tem problema de competitividade sério”, disse. O economista brincou dizendo que espera que suas previsões “sejam mais próximas da realidade que as do Mantega” e que as previsões oficiais de 2012 “foram um fracasso”.

Ao fazer um balanço da economia para jornalistas reunidos no almoço de final de ano da ACSP, Solimeo destacou como fatores básicos para o bom desempenho do comércio no próximo ano a manutenção da massa salarial e a disponibilidade de crédito. A massa salarial continuará em expansão, embora em ritmo mais moderado do que aconteceu neste ano, que teve aumento real do salário mínimo. E o crédito se manterá em evolução, uma vez que as taxas de inadimplência estão em rota de queda.

“A taxa de inadimplência medida pelo Banco Central subiu muito neste ano, mas está agora em queda, em um patamar mais baixo do que o pico de 2009. Nessa queda, houve muito esforço das lojas, com feirões de recuperação de crédito.” O economista disse que 73,87% dos CPFs que compõem o banco de dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC, administrado pela Boa Vista Serviços) não apresentam inadimplência, percentagem que subiu em relação aos 70,16% de 2010 e 72,92% de 2011. Para ele, um dos motivos que leva o calote nos pagamentos ser ainda alto no País, é que os consumidores que entraram no mercado têm maior probabilidade de contrair dívidas que não podem pagar, por inexperiência. “Foram 40 milhões de novos consumidores no nosso banco de dados nos últimos cinco a seis anos”, disse. Daqui para a frente, o crescimento do volume dos consumidores caminha para uma taxa vegetativa, avaliou. “E o endividamento familiar tende a se estabilizar.”

Solimeo apresentou números da melhoria do quadro de inadimplência não apenas em relação à taxa geral, mas à qualidade da dívida: no total, cresce o número de dívidas com garantias, como os financiamentos imobiliários, os empréstimos consignados e o crédito a veículos. “O estoque da inadimplência ainda demora um pouco a cair porque muitas dívidas em atraso são de longo prazo, acima de 90 dias”, explicou.

Solimeo disse que o ano de 2012 foi muito ruim para os investimentos. “O avanço em infraestrutura foi muito fraco.” O economista espera que os investimentos públicos em 2013 cresçam, principalmente por causa da proximidade dos grandes eventos esportivos de 2014 e 2016. Quanto ao investimento privado, ele afirmou que sua expansão vai depender da confiança no governo e dos incentivos que forem estabelecidos.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 18/12/12 – Escrito por Eliana Haberli

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