Classes C e D invadem comércio eletrônico

O e-commerce não para de crescer, e os resultados positivos de 2012 apontam para as tendências que devem se ampliar no setor em 2013. Entre elas, a entrada de mais consumidores das classes C e D, a evolução do m-commerce (vendas pelo celular) e a entrada de novos e-clientes que fazem a primeira compra usando o cartão de débito.

Os indicadores fazem parte do 27º relatório Webshoppers, divulgado ontem pela empresa especializada em dados do setor e-bit, que projeta que, em 2013, o comércio eletrônico deva faturar R$ 28 bilhões – uma alta de 25% ante 2012, e supere a marca de 50 milhões de consumidores, expansão que será puxada pela retomada do crescimento econômico, e pela aceleração das vendas de tablets e de smartphones.

No ano passado, o e-commerce faturou R$ 22,5 bilhões, um crescimento nominal de 20% ante 2011, informa o relatório. Na análise do comércio digital como um todo, o que inclui, além dos bens de consumo, a venda de passagens aéreas, ingressos e turismo, os market places (sites destinados ao comércio de bens e serviços, como o Mercado Livre) e as compras coletivas, o faturamento foi de R$ 49,7 bilhões.

Ações promocionais nas lojas virtuais e o incremento das vendas de maior valor no segundo semestre influenciaram o resultado positivo. Além da “recuperação de fôlego”, contido no primeiro semestre pela dificuldade do governo em estimular a economia, na segunda metade do ano a balança equilibrou pelas vendas de produtos mais caros, como smartphones, tablets e notebooks, explicou o diretor geral da e-bit, Pedro Guasti.

“Isso ajudou a elevar o tíquete médio de R$ 338 para R$ 346 de um semestre para o outro”, disse Guasti, que lembrou da influência do maior número de datas sazonais no período, como Dia dos Pais e das Crianças, e do peso do Natal, data que registrou o maior volume de vendas (total de R$ 3,06 bilhões).

A edição brasileira da Black Friday também ajudou a alavancar o número, ao vender R$ 243,8 milhões em 24 horas – alta de 143,8% ante 2011.

Frete grátis – A despeito dos problemas registrados nos sites de compras coletivas, a modalidade, bastante bombardeada em 2012, faturou R$ 1,6 bilhão no ano passado, ou 8% a mais do que 2011, e registrou um avanço de 30% no total de ofertas adquiridas. Outros dados do Webshoppers detalham que, ao longo de 2012, foram realizados 66,7 milhões de pedidos, volume 24,4% maior que em 2011. O frete grátis, presente em 54% do total de pedidos, foi outra alavanca para as vendas segundo o relatório, e gerou economia de R$ 1,09 bilhão para os compradores.

A alta no número de pedidos também foi puxada pelo aumento no número de e-consumidores: foram 10,3 milhões de novos clientes, que agregam 56% de integrantes das classes C, mas principalmente da D – que devem continuar a comprar pela internet após a primeira experiência.

“Já são mais de 42,2 milhões de pessoas que fizeram ao menos uma compra online, quase metade dos 90 milhões de internautas ativos no País”, frisou Guasti. Mesmo assim, o grupo pode frear o consumo, já que em novembro último, 59% se declararam endividados. “Se o endividamento fosse menor, o e-commerce B2C poderia crescer mais.”

Compras pelo celular já são realidade

Om-commerce (mobile commerce) é outra divisão do comércio eletrônico que cresceu em 2012. Segundo o Webshoppers, em janeiro de 2012 a participação das vendas pelo celular em volume era só 0,8%. Subiu para 1,3% em junho, e chegou a 2,5% em janeiro de 2013. Com o aumento de acessos à banda larga (só em 2012, 27 milhões foram ativados, informou Guasti com dados do Sinditelebrasil), a difusão do m-commerce deve ser maior daqui para a frente.

“É mais que tendência, é uma realidade. Com novos aplicativos e tecnologias direcionados a esse comércio, o avanço continuará. O omnichannel (evolução do conceito multicanal no varejo, que prioriza a experiência de compra, e não o meio) e a possibilidade de comparar preços dentro das lojas físicas serão os principais aliados dos consumidores neste momento”, destacou o executivo da e-bit.

Apesar da participação ainda pequena – 1% do total, ante 73% do uso de cartão de crédito e 18% do boleto bancário, o uso do cartão de débito como meio de pagamento nas lojas virtuais vem se tornando mais frequente.

Primeira vez – Em 2012, segundo o Webshoppers, 47% dos e-consumidores usaram o cartão de débito para comprar pela primeira vez pela internet. “Pela maturidade do setor, os novos entrantes demonstraram confiança e barreira de entrada menor para utilizar o  meio de pagamento. Mas pode ser que esses consumidores também não tenham cartão de crédito”, ponderou Guasti.

Porém, mesmo com a validação mais rápida da compra e aceleração do processo pela internet (do pedido à entrega), a expansão do uso do cartão de débito no e-commerce depende da maior parceria entre lojas virtuais, bancos e operadoras, explicou. “O uso depende de validação da senha junto ao banco. Ainda não dá para ter  perspectivas de aumento do uso desse meio de pagamento, porque também depende da alavancagem do produto junto ao consumidor”, concluiu.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 20/03/13 – Escrito por Karina Lignelli

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