Paulo Rabello de Castro
Notícias de adiamentos de inversões no parque siderúrgico brasileiro e adiamento de novos projetos no setor minero-metalúrgico (especialmente minério de ferro e cobre) espelham as projeções de redução da demanda externa e dos preços nesta ampla cadeia produtiva que inclui empresas do porte da Vale e Gerdau. As empresas nacionais não apenas acompanham a redução do ritmo da indústria mundial, com ênfase em China e Índia, mas as recentes postergações também refletem, em alguns casos, a certeza de que a demanda interna, no próximo ano, continuará comprometida pela recessão de crescimento na economia brasileira. O próximo anúncio de novo “pacote de boas intenções” pelo governo Dilma dificilmente comoverá o investidor industrial ressabiado pelo tamanho da crise externa.
O carro-chefe dos adiamentos vem da própria Petrobras, que ainda lidera nosso esforço investidor, porém com seu caixa livre no nível mais baixo dos últimos anos. A Petrobras está em boa companhia. Boa parte do setor industrial brasileiro perde sua capacidade de investir ao entregá-la ao governo sob a forma de tributos cobrados na fase de produção e apenas parcialmente empurrados aos elos seguintes da cadeia produtiva e de consumo. Indústria e assalariados da classe média são os que primeiro pagam a conta da escalada tributária. Os níveis de utilização de capacidade instalada na indústria continuam resvalando frente ao ano passado. Não é uma queda dramática, mas persistente em seus efeitos. Indica geração de caixa fraca na maioria dos segmentos e, por consequência, a postergação de investimentos.
Ano I, ed.06
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