Um ano, dezoito meses, não importa o tempo: invariavelmente o seu quadro de funcionários vai ser renovado em algum momento
Você juntou dinheiro, tomou coragem e abriu seu negócio. Financeiro, licença, contador, maquinário, plano de negócios, tudo pronto. Contratou alguns funcionários: indicação, sites de currículos, documentos pro contador. Realmente tudo pronto.
Abriu as portas. No sentido literal ou figurado. Estreou. Dois meses depois, a primeira baixa. Sua melhor funcionária vai embora. “É que eu encontrei uma oportunidade na minha área”, ela diz, os olhos tristes, quase pedindo desculpas.
Indicação, sites de currículos, anúncio em faculdade. Demora. Você contrata um substituto. Testa as habilidades, faz treinamento. Seis meses depois, outra baixa. Pra ir pro concorrente mais famoso, duzentos reais a mais, um plano de saúde melhor.
E o seu serviço, o seu produto, vai ficando manco ou dependendo cada vez mais de você ali, no balcão, pilotando fogão ou prestando o serviço. Vira uma angústia.
Um ano, dezoito meses, não importa o tempo: invariavelmente o seu quadro de funcionários vai ser renovado em algum momento. Segundo o DIEESE, em 2012, a taxa de rotatividade na indústria era de 35,5%; em serviços era de 38,2% e, no comércio, não se assuste – 41,4%. Desses totais, em média 25% correspondem a saídas voluntárias, ou seja, o profissional pede pra ir embora. Isso representa um aumento de 8% desde 2004.
Aprofundar esses dados seria chato e de pouca (ou nenhuma) valia para nós, neste espaço. O que você precisa saber é simples: se o seu negócio exige pouca ou nenhuma formação, saiba que a sua rotatividade, tecnicamente também conhecida como turn-over, será alta. Provavelmente você irá trocar toda a sua equipe em, mais ou menos, três anos – e isso pode ser fatal.
Você tem alguns caminhos a partir dessa realidade:
1. Não fazer nada. Lamentar e chorar sua má sorte sobre a “escassez de talentos” no Brasil (tá na moda falar isso, pega bem e serve de desculpa pra tudo);
2. Implementar um programa de retenção de profissionais, que pode chegar ao ponto de torná-los sócios do negócio (nível avançado, depois podemos falar a respeito);
3. Finalmente, conformar-se e se organizar de maneira a reverter a situação a seu favor. Um funcionário reserva ou cobertura de férias, uma empresa de terceirização de mão-de-obra, free-lancer, etc, para os momentos de maior necessidade – e investir em treinamento contínuo.
Ainda que os seus funcionários estejam satisfeitos trabalhando com você, muitos estão buscando mais estudos e melhores oportunidades. E, se você puder oferecer isso num intervalo de tempo razoável em relação às expectativas deles, ótimo!
Senão, avante! Transforme a adversidade em oportunidade! De renovar o quadro, ouvir ideias novas, fazer diferente. É difícil, mas é possível. E pode ser o seu diferencial.
Você vai ver que fazer RH é mais fácil do que parece.
Fonte: www.dcomercio.com.br – SÃO PAULO, 15 DE DEZEMBRO DE 2014 POR ANA GOMES