MPEs movimentam o setor de seguros

A modalidade de seguro empresarial movimentou, entre contratações e pagamentos de sinistros, R$ 1,6 bilhão em 2011, um avanço de 11% em relação ao ano anterior, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). O que vem puxando em boa parte a alta desse segmento – próxima a 10% ao ano – é o número crescente de micros e pequenas empresas (MPEs): só em São Paulo, há 1,8 milhão delas, além dos 500 mil empreendedores individuais (EIs), segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (Sebrae-SP).

Isso explica também o interesse e o investimento cada vez maior nesse nicho de seguros, hoje um dos grandes filões para as companhias do ramo. Em algumas delas, como Caixa Seguros e BB-Mapfre, por exemplo, esses produtos específicos para MPEs crescem de 20% a 25% ao ano.

Estratégia – O superintendente de seguros tradicionais do Grupo BB-Mapfre, Danilo Silveira, explica que a estratégia da empresa é “muito concentrada” nos pequenos e médios empreendedores. “Devemos crescer 25% em 2012 em relação ao ano passado. É uma alta importante dessa modalidade, que representa 30% da nossa carteira de seguros massificados.” A companhia tem hoje 250 mil empresas desse porte na carteira de seguro empresarial.

“Estamos abrindo cada vez mais opções de cobertura no segmento, que vem crescendo mais que o residencial, com atenção inclusive às pessoas físicas que vêm sendo incentivadas a se formalizar (EIs)”, diz o gerente de riscos diversos da Caixa Seguros, Federico Salazar. No banco, a modalidade empresarial cresce em torno de 20% – e já ultrapassou essa marca nos primeiros cinco meses de 2012, com aumento de 30%. Do total dessa carteira, 87% são segurados em até R$ 350 mil, e 73% são do ramo do comércio.

“Esse incremento mostra que as empresas têm investido mais em proteção, à medida que cresce a exposição aos riscos”, completa o presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Eduardo Marcelino.

Arrastão – Para atender a esse público-alvo, seguradoras têm apostado em coberturas sob medida, que vão além das básicas de riscos de incêndio, vendaval e roubo. Segundo Marcelino, da Fenseg, entre elas há específicas para consultórios e escritórios e até contra riscos de arrastão (direcionadas a restaurantes, bares e padarias, que têm também como opção cobertura de responsabilidade civil para dano a terceiros, como o causado por intoxicação alimentar). Independentemente do porte, existe até cobertura de lucros cessantes, que garante indenização para interrupção de atividades – e em consequência, dos lucros – por motivo de sinistro, destaca o executivo da entidade.

E há opções acessíveis para todo tipo de empreendimento. “A ideia é proteger pequenos empreendedores que no começo não têm patrimônio muito elevado”, afirma Salazar, da Caixa Seguros. Na empresa, o Seguro Tranquilo Fácil Empresarial oferece coberturas para importâncias seguradas de até R$ 100 mil, que custam R$ 300 por ano, em média. Na BB-Mapfre, há coberturas para as MPEs a partir de R$ 50 mil e elas custam, em média, R$ 800 ao ano.

Em ambos os casos, há possibilidade de parcelar o valor em até sete vezes. As coberturas principais – contra incêndio, vendaval, dano elétrico, roubo, despesas fixas (em caso de parada de atividade, para cobrir obrigações como folha de pagamento e conta de luz), e provisória de estoques, em geral, incluem pacote de assistência emergencial de encanadores, eletricistas e outros.

Pesquisa – Apesar da importância de um seguro como esse, o empreendedor deve ficar atento a alguns detalhes para evitar problemas. Os primeiros são a pesquisa minuciosa sobre as principais seguradoras que atuam na comercialização desse seguro e o levantamento de preços e opções de cobertura disponíveis de acordo com as necessidades de cada empresa, com a ajuda de um corretor habilitado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), explica Marcelino, da Fenseg.

Salazar, da Caixa Seguros, lembra que os cuidados principais ao fazer o seguro empresarial referem-se sempre ao setor em que se atua. O comércio, por exemplo, seria mais exposto a roubos. Já a indústria poderia ter prejuízo por quebra de equipamentos de grande porte – que muitas vezes valem mais que a empresa toda. “É preciso ter certeza de qual valor será reposto sem danos. Por isso, é importante verificar a atividade e, em cima disso, construir a cobertura que mais se adapta.” Fazer um exercício interno de análise de risco do empreendimento e só então chamar o corretor é a recomendação de Danilo Silveira, da BB-Mapfre. Segundo ele, é tarefa do empreendedor avaliar qual seria esse risco de acordo com seu negócio, além de saber qual a importância segurada pelo valor do prédio ou dos equipamentos. “O que se deve pensar é em repor o bem perdido, não o valor do ponto”, alerta.

Fonte: www.dcomercio.com.br – Publicado, 01/07/12 – Escrito por Karina Lignelli

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