Intenção de consumir está de volta

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 0,9% em setembro ante agosto, para 121,9 pontos, informou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Trata-se do terceiro resultado positivo consecutivo, após a sequência de quedas registrada no primeiro semestre deste ano. Apesar disso, o índice ainda está 3,4% abaixo do observado em setembro do ano passado.

Para a CNC, a queda no preço dos alimentos e bebidas está entre os motivos que auxiliam na manutenção do consumo das famílias. Entretanto, a Confederação trata as altas como pontuais. “O patamar ainda é muito baixo em relação ao ano passado e não há perspectiva de um indicador que vá trazer a confiança a um nível maior até o fim do ano”, diz Juliana Serapio, assessora econômica da CNC.

O índice permanece acima da zona da indiferença (100 pontos), indicando nível favorável de consumo, mas a confederação pondera que a percepção das famílias ainda não está totalmente recuperada.

O elevado custo do crédito e o alto nível de endividamento são os fatores que vêm pesando mais no desaquecimento da intenção de compras a prazo. Juliana destaca que, apesar da estabilidade da taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano desde abril, os juros à pessoa física continuam em alta. Segundo o Banco Central, a taxa média de juros de operações de crédito para a pessoa física vem subindo desde junho do ano passado (34,8%). Em julho de 2014, o indicador chegou a 43% ao ano.

O reflexo desse quadro é que o componente de Acesso ao Crédito medido na pesquisa de ICF vem atingindo sua mínima a cada mês. Em setembro, registrou queda de 0,6% na variação mensal, a menor da série histórica, e queda de 5,1% ante o mesmo período do ano passado.

Para a economista, a piora do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que capta a percepção do consumidor a respeito da situação presente do mercado de trabalho, sinaliza que a perspectiva para a criação de vagas não é positiva. Isso reforça a ideia de que a melhora do ICF é mais um efeito estatístico do que uma tendência firme. “Não vejo até o final do ano um fator que vá motivar esse consumidor a comprar mais”, disse Juliana.

A CNC reduziu sua previsão para o crescimento das vendas do varejo de 4% para 3,7% com base na última divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) pelo IBGE

A pesquisa nacional Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é um indicador antecedente que tem como objetivo antecipar o potencial das vendas do comércio a partir das avaliações de 18 mil brasileiros.

Fonte: www.dcomercio.com.br  – Publicado, 19 /09/14 – Escrito por Estadão Conteúdo

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